Paquistão: estudante marxista preso e julgado por sedição

Rawal Asad é um estudante universitário e ativista político de Government Emerson College, em Multan. Em 5 de fevereiro, ele se uniu a um protesto convocado pelo Movimento Pashtun Tahafuz(PTM), em Multan. Eles protestavam contra o assassinato de seu líder, Arman Luni, que era um professor universitário e foi assassinado no Baluchistão dias antes por um oficial de alta patente da polícia, pessoalmente, sob tortura. O caso desse assassinato ainda não foi registrado. Mas a polícia registrou um caso contra todos os manifestantes, incluindo Rawal Asad, acusando-os de sedição, entre outras coisas.

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Ainda muito jovem, Rawal se envolveu em protestos contra os aumentos das taxas escolares, pela restauração dos sindicatos estudantis e muitas outras questões relacionadas aos estudantes. Ele também é ativista no movimento dos trabalhadores e sempre está na linha de frente das lutas trabalhistas e dos protestos dos trabalhadores por seus direitos. Recentemente, ele participou ativamente em protestos contra a privatização de hospitais públicos e outras instituições, e sempre tomava parte nas lutas dos trabalhadores por salários não pagos e outras questões. Este último protesto pacífico foi declarado como atividade anti-estatal e foram lançadas operações policiais para prender todos os envolvidos. Uma das operações policiais envolveu o escritório da CMI em Multan, e todos os móveis e computadores foram confiscados. No Paquistão, levantar sua voz contra as injustiças se tornou um crime tão sério que os réus estão sendo agora julgados sob acusações de sedição.

Sem justiça, nenhuma paz!

Rawal Asad foi preso na noite de 11 de fevereiro junto com seu irmão Anas, mas, em desacordo com a lei do país, não foi apresentado ao tribunal no dia seguinte, e a polícia mentiu no tribunal dizendo que ele foi preso em 12 de fevereiro e seria apresentado ao tribunal apenas em 13 de fevereiro.

Nesse dia, mais uma vez, um grande número de estudantes, advogados e jornalistas estiveram presentes no tribunal para contestar as acusações da polícia. Mas os policiais atrasaram sua entrada até às 14 horas e, inesperadamente, exigiram 14 dias de custódia para Rawal Asad. Os advogados que defendem Rawal assinalaram as acusações sem fundamentos e a fragilidade do caso contra o jovem estudante, que foi acusado de sedição apenas porque estava exigindo que os assassinos de um professor fossem julgados e punidos. Se exigir justiça para um assassinato é sedição, todos os cidadãos deste país devem ser acusados de sedição!

Além disso, o envolvimento de um policial no assassinato não significa que ele não possa ser julgado. Mas o juiz ordenou um mandado de prisão preventiva para Rawal Asad e o entregou à terna misericórdia da polícia, que quer investigar Rawal por seu envolvimento naquele protesto e realizar mais prisões de seus colegas, que estavam com ele no protesto. Ironicamente, todos os outros acusados no caso pagaram fianças pré-prisão estipuladas pelo mesmo tribunal, o que mostra os verdadeiros motivos por trás disso.

Investigações policiais no Paquistão significam tortura física brutal, na qual os acusados, algumas vezes, apanham até morrer. Todo o sistema judicial e policial do Paquistão ainda se baseia no sistema da era colonial construído pelo imperialismo britânico. Todas as leis e procedimentos são os mesmo que foram estabelecidos pelos britânicos para controlar sua colônia. A classe dominante paquistanesa utilizou extensamente esse sistema para dominar os oprimidos desse país e a polícia é, entre todas as outras, uma das mais corruptas e brutais instituições a serviço da depravada classe dominante. A todo momento, exigem subornos e, caso contrário, ameaças de sérias consequências são emitidas.

O Estado tenta silenciar o marxismo

Mas o caso de Rawal Asad é claramente uma jogada dos estrategistas sérios do Estado. Um caso similar de organização de protestos, na mesma data e sobre as mesmas questões, foi registrado em Lahore, mas nenhuma alegação de sedição foi feita. Em vez disso, os presos foram libertados dentro de poucas horas. Mas Rawal Asad está sendo punido por suas perspectivas revolucionárias marxistas, e parece haver um plano por trás dessa loucura. Ele está sendo punido por reviver políticas estudantis sob linhas revolucionárias em Multan depois de muitas décadas. Os estudantes das universidades e secundaristas são mais organizados e se tornam cada vez mais ruidosos ao reclamar seus direitos, graças aos esforços da Aliança Progressista da Juventude (PYA – Progressive Youth Alliance), que tem estado ativa em várias instituições educacionais da cidade há muitos anos.

Rawal Asad está sendo punido por dar voz à classe trabalhadora da cidade e de toda a região Sul do Punjab. Organizar os protestos dos trabalhadores e a discussão da luta por seus direitos é, aos olhos do Estado, o maior crime de todos. Em um momento em que todos os partidos políticos traíram as massas e apodreceram definitivamente, esta nova geração está dando voz aos que não a tem. Estão lutando contra a pobreza, a miséria, as enfermidades, o desemprego e todos os outros males que afligem essa sociedade. Os recentes aumentos de preços, a desvalorização da moeda e os ataques aos trabalhadores na forma de desemprego e reduções de salários aumentaram a ira entre as massas. O Estado teme que revolucionários como Rawal Asad possam organizar essa raiva e liderar os estudantes e trabalhadores contra os ataques do Estado. É por essa razão que ele está sendo vitimado e pode enfrentar uma longa pena de prisão.

Enquanto conversava com estudantes reunidos no tribunal para testemunhar sua audiência, Rawal jurou continuar sua luta apesar de todas as dificuldades e disse que nenhuma repressão vai forçá-lo a abandonar sua luta pelos direitos da classe trabalhadora e para derrubar esse sistema capitalista corrupto e apodrecido.

A Aliança Progressista da Juventude convocou protestos por todo o país contra essa repressão estatal e prometeu continuar sua luta pelos direitos estudantis e contra todos os tipos de injustiças.

Os estudantes e os ativistas políticos voltarão ao tribunal no dia 15 de fevereiro para testemunhar esse julgamento, que é uma manifestação do apodrecimento desse estado e da corrupção do sistema judicial, que tenta realizar a repressão através de meios legais.

Libertem Rawal Asad!

Abaixo a repressão estatal!

Longa vida à unidade da classe trabalhadora!

Trabalhadores do mundo, uni-vos!