Em memória do camarada Roque Ferreira

Alan Woods, editor de marxist.com, presta homenagem ao camarada Roque Ferreira, um dos principais membros de nossa seção brasileira que morreu tragicamente ontem de COVID-19.

[Source]

Ontem à noite, recebemos a trágica notícia da morte do camarada Roque Ferreira, um veterano comunista, dirigente operário e dirigente da seção brasileira do CMI.

Ferroviário e importante sindicalista com longa trajetória de luta pela causa da classe trabalhadora, para mim o camarada Roque representava o melhor tipo de quadro proletário.

Um homem totalmente dedicado à causa da classe trabalhadora e da revolução socialista, ele também mostrou um grande interesse na teoria e nas ideias marxistas. Essa é sempre a melhor combinação para o nosso movimento.

Eu o conheci quando fui ao Brasil, logo depois que os camaradas da Esquerda Marxista decidiram entrar para a CMI. Percebi imediatamente que ele estava muito entusiasmado com isso. Não foi por acaso, porque Roque era um internacionalista até a medula dos ossos.

Roque era um homem bonito. Sua barba e cabelos brancos davam-lhe um ar de dignidade tranquila. Ele era extremamente inteligente. Mas era um homem de poucas palavras. Nas muitas conversas que tive com companheiros no Brasil, percebi que Roque estava sempre presente, ouvindo atentamente cada palavra.

Ele falava raramente, mas quando falava, suas palavras eram sempre cheias de sabedoria proletária e bom senso. Isso deu a ele uma autoridade enorme aos olhos de todos os camaradas.

No Hamlet de Shakespeare, Polônio aconselha seu filho: “Dê a cada homem o teu ouvido, mas a poucos a tua voz“. É um conselho excelente. Roque aprendeu a arte de ouvir – uma arte muito importante e que ele dominou completamente. Desejo que cada camarada siga seu exemplo!

Às vezes vejo como os camaradas mais jovens e inexperientes estão ansiosos para mostrar como são inteligentes falando muito. Isso nunca me impressionou – na verdade, muito pelo contrário. Não é muito difícil repetir esta ou aquela ideia que se tira dos livros, sem necessariamente entender o que essas ideias realmente significam.

Pessoas sérias levam as ideias a sério. E o camarada Roque foi um dos revolucionários mais sérios que conheci. É por isso que ele nunca tentou criar uma impressão superficial de erudição falando muito.

Quando digo que ele falava com seriedade, isso não significa que não fosse bem humorado. De fato, muito pelo contrário.

Ele tinha um bom senso de humor, ao contrário dos sectários que imaginam que os revolucionários devem sempre parecer como se acabassem de engolir um litro de vinagre.

Quando alguém falava alguma bobagem, ele nunca reagia sarcasticamente, apenas sorria baixinho para si mesmo. Embora fosse uma pessoa forte e determinada, ele também era um personagem muito gentil, totalmente destituído de qualquer espírito estreito de rancor. É por isso que ele foi amado não só como um camarada, mas como um amigo e um ser humano genuíno.

Durante sua vida, Roque travou muitas batalhas. Algumas ele ganhou; outras ele perdeu. Tragicamente, ele não conseguiu vencer sua batalha final – a batalha pela própria vida.

Soubemos pela primeira vez que ele adoeceu com COVID-19 há algumas semanas. Então, em 22 de agosto, ele foi hospitalizado e, ontem à tarde, finalmente sucumbiu a esta terrível doença.

A morte de Roque foi um golpe cruel para seus companheiros e amigos, tanto no Brasil quanto no exterior. Em nome do Secretariado Internacional e de todos os camaradas da CMI, enviamos as nossas mais sinceras condolências, simpatia e solidariedade aos seus familiares, camaradas e amigos.

Camarada Roque, nunca te esqueceremos!

A luta continua!

Viva o socialismo internacional!

Trabalhadores do mundo uni-vos!

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