Em dezembro, o partido de esquerda Unidas Podemos (UP) entrou no governo espanhol como sócio menor do social-democrata Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). Essa coalizão repousava sobre uma maioria parlamentar magra e instável, composta por uma variedade heterogênea de forças nacionalistas e regionalistas. Dois anos de política espanhola sem rumo chegaram ao fim com a queda de Mariano Rajoy. Pablo Iglesias, líder da UP, saudou essa coalizão como “o governo mais progressista” da história espanhola recente. No entanto, os acontecimentos recentes dissiparam essa euforia. A Espanha contempla o abismo de uma depressão devastadora, que reduzirá drasticamente a margem de manobra do governo. É cada vez mais difícil conciliar as demandas radicalmente contraditórias dos trabalhadores e patrões. Os protestos de direita estão polarizando ainda mais o estado de ânimo da sociedade. As relações entre os partidos no poder estão ficando tensas.